21 de maio de 2015

“Onde não puderes amar, não te demores"

Sou uma Frido!
Apaixonada pela história. Pela obra. Pelas cores...
E foi assim que ouvi a primeira vez Frida Kahlo, quando Los Hermanos cantou no Lual MTV a música Esquadros de Adriana Calcanhoto.
“... Cores de Frida Kahlo”. Adorava aquela música, escrevi a letra no meu caderno e procurei saber quem era essa tal de Frida.
Na minha primeira impressão: Estranheza, ousadia, cor e força.
Um tempo depois na faculdade de Moda uma professora levou uma imagem do quadro “A coluna partida”, pediu para fazermos anotações, discutimos e assistimos ao filme com Salma Hayek. Saí da aula tão extasiada que comprei o filme, uma pequena biografia, e baixei na internet textos contando a sua história.
Por quê?
Talvez a dedicatória do João no diário dela que ele me presenteou em 2012 responda. “Você como Frida veio ao mundo para deixá-lo mais bonito, colorido, instigante” (palavras de João)
Frida está na moda. É “cult”.
Pena que nem todos que reproduzem imagens dela, estampam seu rosto em camisas e compram objetos com fotos, sabem quem foi essa mulher por traz do mito.
Uma artista incomum, inquieta, instigante, intensa e intrigante...
Uma mulher apaixonada, sofrida, colorida, ousada e forte...
Frederico Morais na introdução do Diário de Frida Kahlo escreveu “Frida Kahlo são muitas. Sem deixar de ser uma. Ou única.”
Toda vez que abro o seu diário eu tento viajar nas letras e nos desenhos pra tentar entender uma mente tão inquieta, só que o “intrigante”, é não entender...  É voar. Como ela deixou registrado em 1953 “Pies para qué los quiero. Si tengo alas pa’volar”.

Eu voo nas suas cores e no forte semblante do seu rosto, quase nunca sorrindo, sempre um sorriso tímido que não descola os lábios. Voo pelos seus pensamentos de revolucionária e na paixão doentia pelo seu Dieguito.
Quando estou produzindo uma peça com sua imagem eu voo ao imaginar que a força da artista passou pelas minhas mãos de artesã e vai ser transmitida para alguém que escolheu ser tocado por ela.

“Quem diria que as manchas vivem e ajudam a viver?
Tinta, sangue, cheiro.
Não sei que tinta usar
Qual delas gostaria de deixar desse modo o seu vestígio.
Respeito-lhes a vontade e farei tudo o que puder para escapar do meu próprio mundo”   
(Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, 1907 - 1954)   







17 de maio de 2015

As flores de papel não morrem




"Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei
A minha herança pra você
É uma flor com um sino, uma canção..."
    Vanessa da Mata

Se tem flor no nome...
E a ideia era reaproveitar...
Precisava de juntar as duas coisas. 
E não é que deu certo??
Essas flores delicadas, são feitas de pentes de ovos. Aquele verdinho que a cada dia no sacolão é jogado um montão fora. Com retalhos de tecido, tesoura, cola quente, fio encapado ou palito de churrasco, fita flower, miçangas coloridas e fitas variadas surgem as diversas flores.
Não precisam de água nem de tomar sol.
Não morrem e ainda ajudam a diminuir o lixo para o meio ambiente.
Flores, flores!


Como tudo começou

Começo a história com um clichê, porque não consigo encontrar outro início.
Nasci com o dom das artes.

Desde pequena esse lado meu se destaca. Escutei de muita gente “você é muito habilidosa”. Adorava um lixo, tudo que minha mãe e minhas tias iam jogar fora eu pegava e arrumava uma utilidade, e nessa brincadeira eu transformei calça jeans em bolsa, agenda velha em diário, papel rasgado em bloco de rascunho, aproveitava até meia calça rasgada. Entrei na faculdade de moda e de lá pulei para artes cênicas. Foi nesse período que nasceu B – Florzinha. Eu andava sempre muito colorida, com colares e brincos extravagantes, daí surgiu o apelido B (Bárbara) Florzinha pelo colorido. Precisava de grana para pagar a faculdade e comecei a confeccionar colores com miçangas e tecidos. Até então só me arriscava nessa área.
Em 2012 começaram os preparativos para o meu casamento. Nas minhas pesquisas tudo era caro demais e parecia muito distante do meu gosto. Então resolvi eu mesma fazer tudo que pudesse. E aí fiz toda a decoração do sítio onde foi à festa, as lembranças dos padrinhos, o desenho do convite, os enfeites de mesa, meu buquê, o quadro de assinatura...
O casamento foi de dia à decoração foi à base de garrafas e vidros reaproveitados. Ao mesmo tempo em que fazia os mimos para o grande dia, ia confeccionando coisinhas fofas para minha casa nova e colocando no face. A repercussão era “vai fazer isso para vender não??. Nesse momento eu entendi que Badulaques B – Florzinha tinha ganhando outra cara e meus voos poderiam ser mais altos.
Percebi que a área que me sentia mais confortável era no reaproveitamento de materiais. Os produtos poderiam ser variados, como base usaria objetos que seriam jogados no lixo, o material de trabalho é de custo mais baixo, então os produtos seriam em conta para os clientes. E o principal, estaria ajudando o meio ambiente diminuindo o impacto ambiental do lixo não reciclável. Sem contar que no mundo de hoje a moda é consumir menos e reaproveitar mais, as pessoas estão mais conscientes, quem não quer uma casa bonita e colorida com objetos exclusivos, personalizados e que estejam de bem com o meio ambiente?

É extremamente prazeroso trabalhar com artesanato, colocar minha energia em um objeto, transmitir meus sentimentos bons para um produto e saber que ela vai fazer a alegria de alguém, que vai colorir uma casa. Que vai ter um pedacinho de mim espelhado pelo mundo. Isso é a magia da arte!